Alimentação e Corrida: O Combustível para Iniciantes, Amadores e Maratonistas

Palavras-chave principais: alimentação e corrida, o que comer antes de correr, dieta para corredores, nutrição para maratonistas, alimentação para corredor iniciante.


Introdução: quem corre precisa alimentar-se como quem quer durar

A corrida é uma das atividades físicas mais praticadas no mundo. Seja por lazer, saúde ou competição, ela exige energia, resistência e recuperação muscular. E para isso, não existe mágica: a alimentação correta é o combustível do corredor, capaz de definir seu desempenho, prevenir lesões e garantir resultados duradouros.

“Você pode treinar com disciplina, mas se a alimentação não acompanha, o corpo cobra. Nutrição e corrida caminham juntas”, afirma a nutricionista esportiva Fernanda Giometti, da UFMG.

Neste artigo, vamos explicar como a alimentação influencia a corrida e o que cada tipo de corredor — do iniciante ao maratonista — deve comer antes, durante e depois dos treinos. Tudo com base em ciência e com orientações práticas.


🍽️ Por que a alimentação influencia tanto na corrida?

Correr exige muita energia, especialmente na forma de glicose e glicogênio, que são derivados dos carboidratos. Também exige reparo muscular, que vem das proteínas, além de vitaminas, minerais e água.

Se o corpo não estiver bem nutrido, os sintomas aparecem logo:

  • Cansaço precoce
  • Falta de concentração
  • Dores musculares frequentes
  • Risco maior de lesão
  • Recuperação lenta

Por isso, a dieta do corredor precisa ser equilibrada, adaptada ao seu ritmo e tipo de treino. E ela muda conforme o nível do atleta.


🟢 Alimentação para o corredor iniciante

O iniciante muitas vezes começa a correr para emagrecer, melhorar o fôlego ou sair do sedentarismo. Mas com o aumento da atividade física, o corpo precisa de mais energia e nutrientes — especialmente se a pessoa estiver comendo pouco ou de forma desorganizada.

Dicas essenciais:

  • Antes de correr (30 a 60 minutos): algo leve, com carboidratos simples, como uma banana ou fatia de pão com geleia.
  • Depois de correr: foco em recuperação muscular, com proteína magra (ovo, frango, iogurte) e um pouco de carboidrato complexo (batata-doce, arroz integral).
  • Hidratação constante: beba água antes, durante e após a atividade.

“Quem começa a correr e reduz muito a alimentação pode entrar em déficit energético, o que afeta a imunidade e o desempenho”, explica a nutricionista esportiva Carla Lubisco, autora do livro Nutrição no Esporte.


🟡 Alimentação para o corredor intermediário

O corredor de nível médio (2 a 4 treinos por semana, distâncias entre 5 e 10 km) já tem mais gasto calórico e exigência muscular. Nesse caso, a alimentação deve ser estratégica para garantir energia durante os treinos e boa recuperação.

Pontos-chave:

  • Distribuição dos nutrientes: 50–60% carboidratos, 15–20% proteínas, 20–30% gorduras boas.
  • Pré-treino: pão integral com pasta de amendoim, iogurte com granola ou batata-doce com ovo.
  • Pós-treino: proteína magra + carboidrato + vegetais. Ex: arroz integral, frango grelhado e legumes.
  • Suplementos? Só com indicação profissional. Não é obrigatório.

Cuidado com jejum prolongado ou dietas restritivas sem acompanhamento: isso pode reduzir o rendimento ou causar hipoglicemia.


🔴 Alimentação para o corredor avançado e maratonista

Maratonistas ou corredores de alto desempenho (treinos longos, acima de 15 km) precisam de planejamento nutricional profissional. O gasto calórico é alto e o corpo precisa de mais energia, eletrólitos, proteína e antioxidantes.

Estratégias recomendadas:

  • Carga de carboidrato pré-prova (carb loading): aumentar o consumo de massas, pães e frutas nos 2-3 dias antes da corrida.
  • Durante a prova (mais de 60 minutos): usar géis de carboidrato, isotônicos ou frutas secas para manter a glicose.
  • Recuperação pós-prova: proteína de rápida absorção (whey protein ou ovos), água de coco, frutas e refeições completas.
  • Antioxidantes naturais: como beterraba, cúrcuma, gengibre e frutas vermelhas, ajudam na recuperação muscular.

Segundo a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN), a ingestão de 30 a 60g de carboidrato por hora de exercício prolongado mantém a performance e evita queda de energia.


💧 Hidratação: um pilar tão importante quanto a comida

Correr desidrata o corpo rapidamente, especialmente em dias quentes ou em treinos longos. A falta de água e eletrólitos afeta diretamente o rendimento e pode causar tontura, câimbras e até desmaios.

  • Antes do treino: beba 300 a 500 ml de água
  • Durante (treinos longos): beba aos poucos, a cada 20–30 min
  • Após o treino: reposição com água, água de coco ou isotônicos

⚠️ Precauções alimentares por nível de corredor

NívelPrecauções alimentares
InicianteNão correr em jejum, evitar dietas da moda, priorizar alimentos leves e naturais
IntermediárioAjustar carboidratos ao volume de treino, evitar jejum e planejar o pós-treino
AvançadoSeguir plano alimentar individualizado, usar suplementos com orientação, hidratar-se bem
MaratonistaFazer teste com géis antes da prova, reforçar carboidratos, priorizar digestão leve e rápida

Conclusão: comer bem é correr melhor

A alimentação ideal para quem corre não precisa ser complicada, mas precisa ser planejada. Ela deve garantir energia antes, recuperação depois, e ajudar na saúde a longo prazo. O erro mais comum entre corredores é comer de menos ou de forma errada, o que pode sabotar o desempenho e gerar problemas sérios.

Independentemente do nível, o ideal é buscar orientação profissional para montar um plano alimentar que respeite sua rotina, seus objetivos e suas necessidades individuais.

Afinal, quem quer correr longe, precisa se alimentar bem desde o primeiro passo.


📚 Fontes consultadas:

  • Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (www.sbmee.org.br)
  • International Society of Sports Nutrition – ISSN (www.sportsnutritionsociety.org)
  • Harvard Health – Harvard Medical School
  • Lubisco, Carla. Nutrição no Esporte, 2ª ed., 2021
  • Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
  • Artigo: Thomas DT, et al. “Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Nutrition and Athletic Performance.” J Acad Nutr Diet. (2016)


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